Por Thiago Salomão - Info Money
Vice
de Jair Bolsonaro foi elogiado por mostrar-se bem à vontade ao falar
sobre temas econômicos para uma plateia de mais de 100 investidores
em evento promovido pelo banco nesta quinta-feira (23).
Falando
para uma plateia de mais de 100 investidores na tarde desta
quinta-feira (23) na sede do BTG Pactual, o general Hamilton Mourão
(PRTB), candidato a vice-presidência de Jair Bolsonaro (PSL),
conseguiu conquistar boa parte dos presentes ao demonstrar
familiaridade sobre temas econômicos e falar de forma bem calma,
fugindo de polêmicas como as que marcaram seu primeiro discurso após
ser confirmado como vice.
Ele
também disse o que acredita que fez Bolsonaro desistir de participar
dos próximos debates presidenciáveis: "o debate está muito
rasteiro".
“Ele
[Bolsonaro] é hoje o cara a ser derrubado, pois ele é o líder nas
pesquisas. Tenho certeza que vamos pro 2º turno, isso se não
ganharmos no 1º turno. Posso estar muito otimista, mas eu tenho essa
expectativa. Agora, que o debate está muito rasteiro, ele está:
estamos aqui falando de economia e temas importantes, mas lá na TV
só querem saber se o Bolsonaro é homofóbico, machista, essas
coisas”, disse Mourão a uma plateia predominantemente formada por
investidores do mercado financeiro - o evento não foi aberto para
imprensa.
Mourão
reforça que essa é apenas sua visão sobre o assunto, já que não
conversou com Bolsonaro a respeito. Ele também apontou como
justificativa da desistência a falta de infraestrutura para ficar
indo e vindo: “nossa campanha é muito pequena”.
Ao
InfoMoney, participantes do evento disseram que Mourão falou
bastante (e bem à vontade) sobre economia durante os quase 90
minutos de apresentação. “Estamos caminhando para o quinto ano de
déficit primário. Até 2022 pagamos nossas contas, depois não dá
mais. Não tem jeito, o Próximo governo vai ter que encarar isso de
frente, seja quem for. Pode ser até mesmo aquele candidato do SPC
que parece não ver isso”, disse Mourão, referindo-se ao Ciro
Gomes (PDT).
Roberto
Campos, Petrobras e previdência Trocando a tradicional farda de
exército por um elegante terno escuro com gravata amarela, o general
preencheu sua apresentação com muitos slides sobre economia,
relembrou os tempos em que estudava economia no quartel - “estudei
Curva de Laffer, sei como funciona isso aí” - e até citou Roberto
Campos, expoente do liberalismo brasileiro, ao comentar os erros dos
governos passados: “a diferença entre inteligência e estupidez é
que inteligência é limitada”.
Questionado
sobre a privatização da Petrobras, preferiu ser mais "político"
em sua resposta: disse que tem que ser visto com carinho o que deve
ser feito pois a empresa "lutou demais pra achar petróleo no
pré-sal e agora entregar tudo"; contudo, se chegarem à
conclusão de que o melhor é privatizá-la, Bolsonaro vai fazer isso
e prontO.
Mourão
também foi questionado pelo jornalista Augusto Nunes, responsável
pela moderação do painel, sobre a situação da previdência dos
militares, assunto que o jornalista disse ter sentido falta na
apresentação do general. Ele justificou dizendo que “talvez pode
ter esquecido de escrever”, mas foi bem enfático ao afirmar que
“não se pode fugir da reforma previdenciária” e que seria bom
ela ser aprovada ainda este ano.
No
geral, Mourão falou tudo aquilo que o mercado gostaria de ouvir, mas
de uma forma mais clara e serena que seu parceiro de chapa Bolsonaro.
Em um dos slides da apresentação, Mourão colocou 6 tópicos que
ele chamou de “fundamentos econômicos”: Disciplina Fiscal e
priorização dos gastos; Reforma Tributária e liberalização
financeira; Regime Cambial e liberalização comercial; Investimentos
estrangeiros; Privatização; Desregulação; e Propriedade
intelectual.
Comentou
ainda sobre a importância da redução de ministérios de 30 para
“entre 15 e 20” e de colocar meritocracia ao invés de “escolhas
políticas” nos cargos públicos. À vontade diante da plateia,
respondeu para Augusto Nunes quando foi elogiado pela sua clareza na
apresentação que "não entende de economia, só decorou"
o que ia dizer.
Segurança
e "Bolsonaro Zero Um" O tema segurança também ocupou boa
parte dos 90 minutos de apresentação. Falou sobre a importância de
valorizar a polícia, que na sua visão está na pior situação
possível: “se ela reprimir o narcotráfico, será acusada pelos
Direitos Humanos; se ela é frouxa, daí é a sociedade que reclama”.
Ele finalizou reforçando a importância de ganhar a confiança da
população se realmente um novo governo quer criar mudanças. “E
como ganharemos essa confiança? Fazendo austeridade e tendo
sinceridade, precisamos ser sinceros com a população”.
Perto
do final do evento, Augusto Nunes levantou a informação que 11
vice-presidentes já assumiram a Presidência no Brasil para
"brincar" com o fato de Mourão ser general e vice de um
"presidente capitão" e se ele tinha consciência disso
tudo. "Bolsonaro é o Zero Um e o que eu serei é o guardião do
Zero Um. Serei espada e escudo dele", respondeu o general.
0 Comentários
Obrigado pela sugestão.