Por
Fred Lima
Com
apenas 37 anos, Pábio Correia Lopes tomou posse como prefeito de
Valparaíso de Goiás, a cidade que é a sétima economia do estado
goiano. Sua carreira política começou na eleição de 2008, quando
concorreu ao cargo de vereador pela primeira vez, sendo eleito o mais
votado do partido naquele pleito. “A Lêda Borges me aconselhou a
participar da eleição em um partido pequeno, pois não via chance
de me eleger estando num partido de maior expressão. Mas eu disse a
ela que se era para ajudar na campanha iria concorrer pelo nosso
partido, o PSDB”, lembra Pábio. Na eleição do ano passado,
Mossoró, como é conhecido na cidade, entrou em uma disputa acirrada
com o então vereador Afrânio Pimentel (PR), candidato apoiado por
vários líderes comunitários de Valparaíso. Se o ditado popular
diz que “quantidade não é sinônimo de qualidade”, na política
o que importa é o peso e a expressão popular dos apoiadores. Nesse
quesito, a deputada estadual Lêda Borges, o deputado federal Célio
Silveira e o governador Marconi Perillo, ambos correligionários de
Pábio, foram peças fundamentais para a vitória do tucano no
município, com uma diferença larga de 15% para Afrânio, o segundo
colocado. Em entrevista ao Blog
do Fred Lima, o
prefeito diz que não houve transição efetiva por parte do
governo Lucimar Nascimento (PT), e que herdou a prefeitura em um
estado muito difícil de governar. Mesmo assim, Pábio diz que
vem conquistando a confiança da população e reafirma que cumprirá
suas promessas de campanha.
Sua
campanha começou tímida e cresceu bastante na reta final. O senhor
sempre acreditou que venceria a eleição ou chegou a duvidar em
algum momento?
Sempre
acreditei que venceria. Em primeiro lugar, pelo que propusemos à
população. Em segundo, pelo grupo forte que montamos. Eleição não
se ganha sozinho. Tudo passa pela construção de uma coligação.
Nesse grupo, tivemos a deputada Lêda, que foi uma peça muito
importante no xadrez; o deputado federal Célio Silveira (PSDB-GO),
político forte no entorno; e o governador de Goiás, Marconi
Perillo. Quando todos esses nomes se juntaram em favor da minha
candidatura, nossa campanha ficou muito forte. No início, ela estava
tímida, mas foi criando músculos, apresentando uma evolução muito
grande na reta final, que nos garantiu a vitória.
Durante
a campanha alguns diziam que o senhor seria só um boneco de
ventríloquo da ex-prefeita e deputada Lêda Borges, caso fosse
eleito. Como tem sido o relacionamento da prefeitura com a
parlamentar?
Foi
o grupo adversário que inventou essa falácia. Tenho a Lêda como
uma grande companheira e conselheira, pelo fato de ter sido prefeita.
Trocamos muitas ideias. Ela nunca agiu impondo algo nesses oito meses
de gestão. A prefeitura tem um ótimo relacionamento com a deputada,
até porque hoje ela ocupa a Secretaria Cidadã do governo estadual.
Foi com o auxílio dela que conseguimos R$ 9.600.000,00 (nove milhões
e seiscentos mil) para recapeamento e asfalto novo, além de duas
ambulâncias. A Lêda vem colaborando para aproximar os governos
estadual e municipal.
PSDB
e PT são partidos antagonistas há mais de 20 anos. Como avalia a
transição feita pelo então governo petista?
Não
houve transição efetiva. Eles maquiaram algumas informações e
deixaram de dar outras. Quando assumimos, a nossa dificuldade foi
exatamente por não estarmos a par da realidade, tendo em vista que
não houve transição concreta. Depois de oito meses, temos agora a
clareza da conjuntura que herdamos: um município sem certidões,
inadimplente e devendo fornecedores. Estamos conseguindo colocar
ordem na casa.
Como
vem sendo o relacionamento institucional com o Poder Legislativo?
O
melhor possível, até por causa da experiência que tive como
vereador. Sabemos e respeitamos a independência entre os poderes. A
Câmara tem colaborado com a nossa administração. Encaminhamos
vários projetos importantes, inclusive com pedido de urgência. A
Câmara fez a apreciação dentro da legalidade, sabendo que os
projetos atendem os anseios da nossa comunidade.
Alguns
nomes que compõem a sua base aliada na Câmara foram ferrenhos
defensores do governo Lucimar Nascimento. Isso não o incomoda?
De
forma alguma. O nosso projeto coloca a população em primeiro lugar.
Não existe revanchismo. Sei que alguns vereadores da base apoiaram
outras candidaturas. Assim que vencemos a eleição, começamos uma
articulação com o Poder Legislativo para termos uma base sólida,
visando a governabilidade. Convidamos alguns vereadores. A maioria
aceitou compor com a gente. Temos nove vereadores, que tem dado todo
o suporte ao governo municipal.
Considera
que a oposição ao seu governo vem buscando um terceiro turno ou
tudo faz parte do processo democrático?
A
oposição faz o papel dela, que é fiscalizar. Porém, sempre tenho
dito aos vereadores da base que quem está hoje na oposição teve a
oportunidade de governar Valparaíso, mas não deu conta do recado.
Não temos problema com a oposição. É o papel dela criticar e
mostrar os erros do governo. Tenho sido republicano no trato com os
vereadores de oposição, convidando-os para participar de vários
eventos e reuniões discutem propostas em favor de Valparaíso.
Qual
a previsão para que a Guarda Municipal comece a atuar nas ruas?
A
previsão é que a partir de dezembro ela já possa iniciar seus
trabalhos. No atual momento, a Guarda está em fase de formação. O
papel dela será fazer a guarnição dos prédios e praças públicas.
Inicialmente não atuará armada, mas futuramente vamos prepara-la
para isso.
O
transporte público sempre foi um grande problema em todo o entorno.
A população geralmente coloca a culpa nos governos federal e
estadual. Qual o papel que a prefeitura vem desempenhando para
encontrar uma solução?
Participamos
este ano de três reuniões com a Agência Nacional de Transporte
Terrestre (ANTT), com o intuito de dividirmos essa responsabilidade,
tentando procurar uma maneira eficaz que venha a solucionar o
problema. Eles apresentaram o modelo de um consórcio, feito no
interior do Nordeste, que utiliza a estrutura da Região Integrada de
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE). Para que o
problema seja sanado, há a necessidade de atuação conjunta entre
os governos federal, de Goiás, do DF e municipais.
Uma
de suas promessas foi a implantação da segunda Unidade de
Pronto-Atendimento (UPA), no município. Acredita que até o fim de
seu mandato vai dar para cumprir o compromisso de campanha?
Com
certeza. Estamos trabalhando junto ao Ministério da Saúde para
captar esse recurso, que é oriundo do Governo Federal. O município
apresenta o projeto e assume a responsabilidade de custear toda a
demanda.
E
a construção do Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO)?
Foi
outro compromisso de campanha. Ontem estive em Goiânia tratando
sobre isso. O projeto já foi apresentado e está sendo finalizado.
Vai ser aprovado pela Vigilância Sanitária, dando início ao
projeto de licitação. Com fé em Deus, até o término do meu
mandato vamos inaugurar o hospital.
Qual
o legado que quer deixar na cidade?
O
maior legado até agora é o da credibilidade do governo municipal
perante a população, incluindo os fornecedores e moradores. Antes,
o fornecedor comprava e não recebia da prefeitura. As pessoas não
podiam contar com os serviços públicos oferecidos pelo governo.
Estamos resgatando a credibilidade da prefeitura, colocando as coisas
para funcionar. A cidade só tem 22 anos de emancipação política,
mas os problemas são muitos. Peço à população que continue
acreditando em nosso trabalho, que visa melhorar a sua qualidade de
vida.
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