Por
Ian Ferraz / Metrópoles
Nove
candidatos aprovados no concurso do Corpo de Bombeiros Militar do
Distrito Federal (CBMDF) de 2016 ainda lutam para participar de todas
as etapas da seleção. Preteridos pela banca organizadora da prova,
o Instituto de Desenvolvimento Educacional (Idecan), eles
precisaram recorrer à Justiça para seguir em busca de uma vaga a
corporação.
Um dos
casos sub judice é o de Bárbara Firme de Faria, 23 anos. Aprovada
para o quadro de oficiais complementares do Serviço Social, no dia
do exame biométrico ela apresentou uma altura menor do que a
exigida: 1,54cm contra 1,55cm. A diferença de um centímetro tem
transformado a vida da estudante em uma batalha litigiosa com o
Idecan.
Bárbara
alega que a exigência de altura é ilegal, respaldada por
diversas jurisprudências defendendo os candidatos. Um dos
entendimentos é de que essa medida fere os princípios da
isonomia e da razoabilidade previstos na Constituição Federal.
A relação
das brigas judiciais em
diferentes instâncias constam no próprio site do instituto.
Ao
recorrer ao Poder Judiciário, a intenção era que pudesse continuar
na disputa sem problemas, mas não foi o que ocorreu. Os
candidatos precisam ser respeitados e tratados sempre com isonomia".
Caso
semelhante é o de Suelen de Castro, 28 anos. Ela passou a ter
problemas com a etapa de biometria por conta de dois centímetros.
“Entrei em contato por e-mail com a banca e eles responderam que já
estavam cientes da decisão judicial que me garantia a participação
nas demais etapas do concurso. Mesmo assim, em 12 de setembro,
liberaram o resultado errado e não me convocaram para as etapas
seguintes”, critica. Ela apresentou 1,53cm de altura no dia do
exame, contra os 1,55cm exigidos.
Fernando
Gomes da Rocha, 32 anos, também integra a lista dos nove candidatos
que buscaram instâncias superiores para seguir no certame. O caso
dele é um pouco diferente. Aprovado como Oficial Complementar, ele
não participou do teste de saúde porque, segundo ele, o
laboratório atrasou a entrega dos exames. Após gastar R$ 2 mil em
novas inspeções, disse que a banca se recusou a receber os laudos.
Os
três candidatos ouvidos pelo Metrópoles
enfrentaram
problemas para realizar os exames necessários. Tiveram, inclusive,
que entrar com mandados de segurança para terem direito e acesso às
etapas. Em diferentes momentos, as convocações não saíram e eles
decidiram, por conta própria, comparecer aos locais das provas para
realizá-las.
Casos
já chegaram até o STF
O
corte de candidatos por causa da altura é polêmico, e em diferentes
estados, candidatos só conseguiram a nomeação após acionar os
tribunais. No caso do Corpo de Bombeiros do DF, em 2009 um médico
psiquiatra só ingressou nos quadros da corporação após intensa
batalha judicial.
No ano
passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) precisou se manifestar, e o
ministro Dias Toffoli deu parecer favorável a candidatos aprovados
para as Polícias Militares dos estados do Ceará e do Rio de
Janeiro. Em ambos os casos, o magistrado disse que a exigência de
altura mínima é inconstitucional.
Outro
lado
A
reportagem tentou contato por telefone e e-mail com o Idecan, mas não
obteve retorno. O Corpo de Bombeiros Militar, por sua vez, disse
que “a responsabilidade pelo certame, até que o militar seja
incluso na corporação, é da empresa contratada”. A
corporação disse ainda que “os casos de candidatos sub
judice são tratados sempre visando o cumprimento das decisões
judiciais”.
As
primeiras provas da seleção mais recente dos bombeiros, em 5 de
fevereiro, foram
marcadas por tumulto.
Centenas de candidatos tiveram problemas com os locais de prova. A
confusão foi parar na Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio
Público e Social (Prodep), do Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios.
Segundo
o MPDFT, a Ouvidoria do órgão recebeu mais de 100 denúncias
contra a seleção, por falhas como a não designação prévia
das salas de prova, atrasos para o começo da aplicação dos testes
e cadernos de provas sem nomes, entre outros.
Por
determinação do MP, o exame foi anulado pela banca,
segundo a própria, por “face da inconsistência havida relativa à
ausência de folha de respostas da prova discursiva”. Os
testes foram aplicados novamente em 26 e em 30 de março.
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