A coligação que emplacou
Rodrigo Rollemberg (PSB) ao Palácio do Buriti não deve se repetir
em 2018, como sinaliza a debandada de aliados do governador nos três
últimos meses (leia Memória). Por isso, a menos de um ano das
eleições, o chefe do Executivo local intensificou as articulações
para reestruturar sua base, com a inclusão de novos partidos —
pendente de alianças nacionais — e a cessão de mais espaço às
legendas que o apoiaram durante a gestão.
O socialista concentra
esforços, principalmente, para viabilizar a candidatura de Maria de
Lourdes Abadia (PSDB) à vice-governadoria e do deputado federal
Ronaldo Fonseca (Pros) ao Senado. As siglas PV e Solidariedade também
devem compor uma eventual chapa para cargos majoritários.
A negociação com os
tucanos depende diretamente das composições nacionais. O PSB avalia
apoiar a candidatura ao Palácio do Planalto do governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin. Mas os socialistas ainda não fecharam
questão sobre o tema e podem estar ao lado, ainda, da Rede
Sustentabilidade, de Marina Silva, ou do PDT, de Ciro Gomes.
A maioria dos integrantes da
classe política, entretanto, aposta na aliança entre PSB e PSDB.
Nesse caso, Rollemberg e Abadia receberiam a benção das respectivas
siglas para uma dobradinha no Distrito Federal.
A ex-governadora esquiva-se
ao falar sobre a possibilidade. “Tudo é possível. Pendurei minhas
chuteiras várias vezes, mas o partido sempre me provoca para ir à
luta”, disse a fundadora do PSDB-DF. O chefe do Palácio do Buriti
investe pesado na aproximação. São recorrentes os encontros com
Geraldo Alckmin para falar sobre a possível aliança nacional.
Em Brasília, Rollemberg
criou a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos especialmente
para abrigar Abadia. “A iniciativa nada tem a ver com a perspectiva
de 2018. Trata-se apenas de uma parceria para cuidar de questões
relativas a comunidades carentes, como Estrutural, Sol Nascente, Pôr
do Sol, Buritizinho”, despista a tucana.
Em relação ao Pros, a
missão de Rollemberg é reverter a decisão de Ronaldo Fonseca, que
não pretende concorrer nas eleições de 2018. O governador trabalha
para tê-lo como candidato ao Senado em sua chapa. Esse, aliás,
também é o desejo do próprio partido. A possibilidade da aliança
em 2018, garantem integrantes da sigla, está em 90%. “Ele
(Rollemberg) acha que se decidirmos fechar com o governo, poderíamos
incentivar outras legendas a fazê-lo também”, destaca Fonseca.
Por meio da parceria com o
deputado federal, o governador conseguiria “puxar” votos do
segmento evangélico, uma vez que Ronaldo Fonseca é presidente da
Assembleia de Deus de Taguatinga e detém grande influência no meio.
Segundo dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal
(Codeplan) de 2016, há 830 mil evangélicos no DF.
Provável time para 2018
Maria de Lourdes Abadia
(PSDB)
Cargo: vice-governadora
O governador Rodrigo
Rollemberg (PSB) criou a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos
para abrigar a tucana. A pasta tem enfoque social, uma das bandeiras
da fundadora do PSDB-DF ao longo da trajetória política. Abadia é
amiga particular de Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à
Presidência da República e possível aposta da Executiva Nacional
do PSB para 2018. Se efetivada a parceria, é a ex-governadora quem
deve fazer uma dobradinha com o chefe do Palácio do Buriti nas
próximas eleições.
Ronaldo Fonseca (Pros)
Cargo: senador
O deputado federal garante
que são mínimas as chances de entrar como protagonista na disputa
política de 2018. Ainda assim, Rodrigo Rollemberg trabalha para
reverter a decisão. O desejo do governador é emplacá-lo como
candidato e, consequentemente, puxar para a chapa aos cargos
majoritários os votos do segmento evangélico. Ronaldo Fonseca é
presidente da Assembleia de Deus de Taguatinga e detém grande
influência no meio — em 2014, conseguiu a reeleição com o
terceiro maior número de votos: 84.583 eleitores.
Chico Leite (Rede)
Cargo: senador
O distrital apresenta-se
como pré-candidato ao Buriti, conforme é o desejo da Rede. Mas,
efetivamente, trabalha pelo Senado. Se a legenda, que tem Marina
Silva como pré-candidata ao Palácio do Planalto, receber o apoio do
PSB em nível nacional, Chico Leite deve compor uma chapa com
Rollemberg. Bandeiras como combate à corrupção e transparência
poderiam ser ostentadas pela parceria, que, até então, está
distante de escândalos políticos.
Eduardo Brandão (PV)
Cargo: vice-governador ou
senador
Engenheiro civil e
empresário, o presidente do PV-DF pretende garantir ao partido
um espaço na chapa majoritária. O histórico com a política é
extenso, uma vez que milita há 27 anos. Ele chegou, até mesmo, a
disputar o Palácio do Buriti em 2010, mas acabou derrotado por
Agnelo Queiroz (PT). Além de Brandão, o ex-presidente do Instituto
Brasília Ambiental (Ibram) e vice-presidente do diretório regional
da sigla, Nilton Reis, pode ser o candidato da legenda.
Realinhamento
Rodrigo Rollemberg enfrentou
uma debandada de aliados neste ano. Em pouco mais de dois meses,
deixaram a base de apoio três partidos — PDT, PSD e Rede. Entre as
justificativas, as siglas elencaram “falta de pertencimento à
gestão”, “pouco espaço na administração pública” e
“insatisfação com as decisões do chefe do Buriti”.
O governador ficou isolado,
rodeado apenas por legendas de menor expressão. A maioria delas,
inclusive, sinaliza o desembarque próximo, como PRB, Podemos e PHS.
Com os distanciamentos, resta a Rollemberg investir pesado nas
coalizões nacionais para que os efeitos dos acordos interfiram nas
movimentações do meio político local.
Solidariedade mantém
apoio
Entre os partidos que
integraram a coligação Somos todos por Brasília, em 2014, apenas o
Solidariedade, do deputado federal Augusto Carvalho, permaneceu ao
lado do governador Rodrigo Rollemberg. “É prematuro deixar a base
neste momento. O que estamos vendo ultimamente é apenas a fogueira
das vaidades. A administração, de fato, foi difícil nos primeiros
anos, devido à crise. Mas vemos um cenário de melhorias. Apoiamos
um projeto vitorioso e não vejo por que sair agora”, pontuou
Carvalho.
O projeto do Solidariedade,
por ora, inclui apenas a construção de uma bancada nas Câmaras
Federal e Legislativa. O partido precisa sobreviver às regras
impostas pela reforma política, como a cláusula de barreira, norma
que restringe o acesso ao Fundo Eleitoral dos partidos que não
alcançarem determinada representação de deputados federais. Dessa
forma, Augusto Carvalho deve concorrer à reeleição.
O PV, comandando em Brasília
por Eduardo Brandão, também mantém conversas com Rodrigo
Rollemberg e pode fechar com o PSB para as próximas eleições. A
parceria, contudo, está condicionada à participação do partido na
chapa para os cargos majoritários. “Entendemos que podemos
pleitear isso. Temos bons quadros. Queremos governar junto. Quando
colocamos uma candidatura, há responsabilidade sobre o projeto”,
destacou o presidente da sigla.
Com a pré-candidatura do
distrital Israel Batista (PV) ao cargo de deputado federal, os nomes
do PV para a vice-governadoria ou o Senado seriam o ex-presidente do
Instituto Brasília Ambiental (Ibram) Nilton Reis, o ex-candidato a
vice-governador Luiz Maranhão, ou o próprio Eduardo Brandão, que
chegou a mirar o Palácio do Buriti nas eleições de 2010, mas
acabou derrotado por Agnelo Queiroz.
Retorno
Outra possibilidade é a de
a Rede Sustentabilidade ter de retornar à base aliada de Rodrigo
Rollemberg, caso o PSB apoie a candidatura à Presidência da
República de Marina Silva. Nesse caso, o partido que desembarcou do
governo no último mês, e entregou os cargos ocupados por
correligionários, lançaria o distrital Chico Leite como candidato
ao Senado pela chapa do chefe do Executivo local. “Se isso
acontecer, claro que influenciará nossas decisões a nível local.
Mas há discordância quanto a várias decisões do governo. Tudo
isso vai ser ponderado no caminho para 2018”, destacou o
parlamentar.
Por ora, a prioridade da
Rede é viabilizar a aliança com o PDT, do presidente da Câmara
Legislativa, Joe Valle, e o PV, de Eduardo Brandão. Os partidos
detêm grande afinidade e integram o mesmo bloco parlamentar na
Câmara Legislativa. Para firmar a possível coligação, porém, é
necessária a aglutinação de mais siglas e a batida do martelo
sobre os apoiadores da candidatura de Marina Silva.
Fonte: Correio Braziliense
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