Os estrategistas da campanha do
ex-governador Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB, decidiram
poupar o tucano e usar os seus comerciais de 30 segundos no horário
eleitoral no rádio e na TV para tentar “desconstruir” a
candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).
A ideia é utilizar locutores em
off, entrevistas antigas e efeitos gráficos nessa tarefa. Com isso,
consideram, a imagem de Alckmin seria preservada.
A avaliação no PSDB é de que
o candidato do PT estará no segundo turno. Nesse cenário, o
candidato do PSL é apontado como o principal adversário na disputa
pela segunda vaga.
A campanha de Alckmin pretende
usar boa parte das 12 inserções diárias a que ele tem direito no
rádio e na TV para apontar contradições de Bolsonaro em sua
trajetória.
Durante a preparação para o
debate da TV Bandeirantes com os presidenciáveis na quinta-feira,
auxiliares e aliados de Alckmin estavam divididos sobre a melhor
estratégia no primeiro confronto direto da campanha. A maior parte
do entorno do ex-governador defendia um embate direto com Bolsonaro
logo na largada, mas o tucano resistia à ideia.
Fiel ao seu estilo, Alckmin
testou todas as opções, mas deixou no ar qual seria sua escolha.
Quando teve a palavra ao vivo, surpreendeu ao optar por acionar a
ex-ministra Marina Silva, presidenciável da Rede. A escolha se
repetiu em outras duas ocasiões. Esse episódio ilustra um dilema
tático sobre a melhor forma de enfrentar o deputado do PSL, que tem
direito a apenas um comercial a cada três dias.
Há quatro anos, a então
presidente Dilma Rousseff usou seu poder de fogo na campanha à
reeleição (a petista tinha a maior fatia do tempo de TV) contra
Marina, então no PSB. A estratégia beneficiou o senador Aécio
Neves (PSDB), que correu por fora e chegou ao segundo turno da
disputa.
A discussão agora no entorno de
Alckmin é sobre o tipo de munição a ser usada contra Bolsonaro.
Parte de seus auxiliares avalia que seria um erro explorar suas
posições polêmicas sobre ditadura militar, aborto, quilombolas e o
grupo LGBT.
A leitura é de que isso não
cola nele, com exceção das mulheres. Como as falas consideradas
misóginas de Bolsonaro causam forte impacto no eleitorado feminino,
esse caminho será explorado na TV.
A melhor forma de “desconstruir”
Bolsonaro, disse um estrategista de Alckmin, é apelar para suas
contradições, “deslizes éticos” (como receber auxílio-moradia
tendo imóvel próprio) e falas ofensivas às mulheres.
Antipetismo
Em outra frente, o foco de
Alckmin em discursos e nas redes sociais será buscar o eleitorado
que está “bolsonarista”. Isso implica explorar o antipetismo –
mas sem mencionar a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, condenado e preso na Lava Jato. Na semana passada, Alckmin
repetiu diversas vez um trocadilho com o número do PT: “13 anos de
recessão, 13 candidatos a presidente e 13 milhões de
desempregados”.
A busca pelo campo de Bolsonaro
e a aliança com o Centrão também empurraram a campanha para uma
trilha mais à direita do que se projetava antes de o deputado do PSL
se consolidar nas pesquisas. Bandeiras como descriminalização das
drogas e redução de danos para dependentes químicos e temas
ligados à comunidade LGBT, por exemplo, ficaram de fora do plano de
governo.
Entram em cena temas ligados à
segurança pública, endurecimento de leis contra o crime, porte de
armas no campo e propostas do agronegócio. A escolha de Ana Amélia
como vice (PP-RS) ajuda nessa narrativa. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadao
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