A
nova modinha entre os
inteligentões reprodutores de narrativas prontas da mídia é falar
em "milícias virtuais" nas redes sociais. Mas quem se
comporta como seita política são justamente eles... Ouça em nosso
podcast
Por
Flávio Morgenstern
Guten
Morgen, Brasilien! A
nova modinha entre os inteligentões com narrativas prontas para tudo
é afirmar que existem “milícias virtuais”, comandadas
diretamente por Carlos Bolsonaro lá dentro do Palácio do Planalto,
com fakes, pavões, vaporwave,
supremacismo branco, alt-right brasileira (sic),
“milicianos”, Vovó Mafalda, robespirralhos e, ooohhh,
pessoas que dão RT umas nas outras, tudo controlado pelo grande
cérebro do filho do presidente, que adquiriu a capacidade da
onipresença virtual (além do maior caso de múltipla personalidade
já diagnosticado).
Neste
podcast, feito cirurgicamente para você ficar mais inteligente e
perder amigos, você verá o que é, de fato, uma milícia virtual:
algo não tão distante de… ehrr,
de quem acusa tudo o que discorda de pertencer a uma seita.
Para
isso, analisaremos o maior caso de construção de narrativa em redes
virtuais feito no Brasil: todo o movimento teorizado,
estudado e estrategicamente delimitado que foi criado para as
jornadas de Junho de 2013 (e que renderam infindáveis livros de
intelectuais tentando explicar o que raios estava acontecendo, pois
nem quem criou aquilo conseguia entender o monstro fora da sala de
experimentos).
Fora
do Eixo, Mídia Ninja e tantos sites, portais e coletivos surgiram
dali. Não foi nada “espontâneo” como alardeado: além de Pablo
Ortellado, professor de Políticas Públicas da USP e hoje aboletado
na Folha de S. Paulo, foram teóricos do movimento Ivana Bentes
(aquela que apareceu na capa da Cult mostrando o dedo), Fábio Malini
(autor de “Comunismo das redes”), coordenador do Laboratório
de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) e um dos maiores
divulgadores de análises estapafúrdias sobre redes sociais, além
de Henrique Antoun (uma rápida pesquisada no Google sobre cada um
mostra o currículo).
São
teóricos de uma verdadeira milícia virtual, uma “seita política”,
uma horda sem consciências individuais que atua sob um comando
central para repetir bordões e frases de efeito. Aquilo exposto em
meu livro, Por
trás da máscara: do passe livre aos black blocs, as
manifestações que tomaram as ruas do Brasil.
Ou
seja: para quem estuda (repetindo: para quem estuda)
o fenômeno das redes, da agitação política, da propaganda e
desinformação, dos movimentos de massa e sua transmutação para as
ferramentas virtuais, sabe que esse papo de “milícias virtuais”
bolsonaristas é papo de completos ignorantes do tema.
Mas
além de nos divertirmos comparando nossa inteligência e estudo com
a burrice de quem enxerga “milícias virtuais” em cada
ajuntamento de duas pessoas que não apenas discordam, mas caem na
gargalhada dos erros de jornalistas e analistas que erraram tudo nos
últimos anos, que tal descobrir que o comportamento deles é
que é idêntico ao de uma milícia virtual?
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