O atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, está articulando para que candidatos próximos a ele se elejam em todos os Estados. O objetivo, além de garantir a reeleição ou eleição de alguém de sua confiança, é aparelhar a entidade para que a instituição seja um ponto de apoio para uma possível eleição de Lula, segundo analistas políticos.
A disputa eleitoral do Sistema OAB este ano está bastante partidarizada. Santa Cruz tem aparelhado a Ordem e a transformado em instrumento de seus interesses políticos, apequenando a instituição de tamanha glória na história do Brasil, avaliam advogados vinculados à Ordem.
Desde o início do mandato, Santa Cruz tem deixado que seus interesses e posicionamentos políticos interfiram na política de Ordem. Ele já afirmou "que quem apoia Bolsonaro tem desvio de caráter", inclusive incentivando pedidos de impeachment contra o Presidente da República. Defendeu a prisão de deputado, baseando-se na Lei de Segurança Nacional, lei que o próprio Bolsonaro disse ser nefasta. Tais questões, dentre outras, têm configurado sério embate entre Santa Cruz e bolsonaristas, com reflexo direto nas mais diversas eleições da OAB nos estados. Um dos últimos, envolveu a eleição na seccional Rio de Janeiro, onde Santa cruz foi acusado de utilização de dinheiro público, misturando a eleição da Ordem com sua campanha ao governo do Rio, no próximo ano.
Para seguir com seus planos de aparelhamento e para que a entidade seja um instrumento institucional de esquerda, Santa Cruz está apoiando candidatos de esquerda em todas as regiões. No DF, o nome escolhido foi o de Délio Lins e Silva Jr, atual presidente da OAB-DF, que é candidato à reeleição, com o qual mantém fortes laços políticos, inclusive partidários.
A recondução de Délio e de seus conselheiros, por exemplo, abre caminho para a consolidação do projeto de poder partidário de Santa Cruz. Isto porque as eleições no Conselho Federal da OAB implicam na escolha do próximo presidente nacional. São os conselheiros seccionais, a serem eleitos nos próximos dias em todos os estados, que escolherão o sucessor de Santa Cruz. Essa estratégia já foi percebida por advogados de todo país e os embates e questionamentos vêm se avolumando de forma significativa.
Mas em Brasília, os planos podem estar ameaçados. O crescimento da campanha de Thais Riedel, candidata de centro no DF, tem deixado em alerta correligionários de Santa Cruz e de Délio Lins e Silva. A candidata saiu de 8% em agosto e já está tecnicamente empatada com o atual presidente, candidato à reeleição. Ao que tudo indica, o Distrito Federal, que não tem tradição de reeleição, pode ser o primeiro obstáculo para os planos de poder de Felipe Santa Cruz.
0 Comentários
Obrigado pela sugestão.