Segundo uma das testemunhas ouvidas pela CPI da Covid que está sendo feita na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, o Consórcio Nordeste pagou cerca de dez vezes mais por respiradores durante o auge da pandemia, em 2020. A declaração foi feita na sessão desta quinta-feira (25), quando a comissão ouviu um investigado e duas testemunhas sobre os contratos investigados.
Entre os ouvidos pelos deputados, estava o engenheiro e empresário Antônio Carlos Alvares Fasano, que confirmou ter sido contratado para desenvolver um respirador pulmonar para a Biogeoenergy. A empresa venderia os equipamentos a outra empresa, a Hempcare, para poder atender à demanda do Consórcio Nordeste.
Segundo Fasano, sua função era desenvolver e fornecer tecnologia para criar o novo ventilador, além de ceder cinco protótipos e treinar uma equipe de engenheiros para dar continuidade à produção na sede da empresa, em Araraquara (SP).
O valor inicial do respirador era de R$ 8 mil, mas após as mudanças que tiveram de ser feitas, o custo de produção subiria para R$ 15 mil. No final, os custos totais da compra ficaram por volta de R$ 150 mil para os estados.
Fasano conta que inicialmente receberia R$ 500 mil pelo serviço. Depois, contou ter recebido um adiantamento de R$ 2 milhões da Biogeoenergy, pelo serviço e para a compra de novas peças.
De acordo com o presidente da CPI, deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade), o custo final dos aparelhos adquiridos pelo Consórcio Nordeste seria dez vezes superior ao que foi gasto com a produção.
“Os respiradores não existiam. Sendo desenvolvidos, eles custariam ao povo do Nordeste dez vezes mais do que o seu custo”, afirmou o parlamentar.
Em vídeo publicado em sua conta oficial no Twitter, o deputado disse que “esse negócio foi feito para roubar o povo nordestino”. “Em momento nenhum se teve zelo em contratar empresas adequadas ou buscar o melhor preço”, concluiu.
Compra direta
O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste é uma autarquia interestadual formada pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Ele foi criado em 2019 com objetivo de atrair investimentos privados para os estados.
Durante a pandemia, este tipo de iniciativa serviu para negociar diretamente a compra de respiradores e, depois, também de vacinas com gigantes farmacêuticas internacionais.
Fonte: Brasil Sem Medo
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