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A vitória de Barrabás

Quando a Cidade dos Homens prevalece sobre a Cidade de Deus
Quando Jesus entrou em Jerusalém, montado em um jumentinho, as multidões o saudaram como o Messias. Muitos estendiam suas capas na estrada por onde Ele passava; os mais humildes, que não possuíam capa, cortavam os ramos das árvores para cobrir o caminho do Filho do Homem. Entoavam cânticos inspirados no Salmo 118:
“Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”
No entanto, apenas cinco dias separam aquela recepção esfuziante e a votação da anistia pascal, em que Jesus e Barrabás são colocados diante da multidão para que um deles seja solto. Os chefes dos sacerdotes e os anciãos, porém, persuadem a multidão a exigir a soltura de Barrabás e a crucificação de Jesus. O que aconteceu entre o Domingo de Ramos e a manhã da Sexta-Feira da Paixão para que o povo mudasse tão radicalmente de atitude?
A questão é esclarecida pelo papa emérito Bento XVI em sua obra “Jesus de Nazaré”. Os Evangelhos de S. João e de S. Mateus afirmam, respectivamente, que Barrabás era um “salteador” e um “preso célebre”. Bento XVI explica que a palavra “salteador”, em grego, havia recebido um significado bastante específico nas circunstâncias de Jerusalém no século I: era o mesmo que “lutador da resistência”. O termo usado por Mateus –“preso célebre” – também indica que Barrabás adquirira fama na luta política contra os dominadores romanos. O nome Bar-Abbas quer dizer literalmente “Filho do Pai” – ou seja, equivale a um título messiânico. Portanto, a preferência do povo por Barrabás é uma decisão política. Em vez da libertação espiritual, as massas optaram pela esperança revolucionária. O poder espiritual é preterido em nome do poder temporal; a libertação do corpo vem antes da libertação da alma; a solução política vence a solução divina; a Cidade dos Homens prevalece sobre a Cidade de Deus. Escreve Bento XVI: “Sem o céu, o poder terreno permanece sempre ambíguo e frágil. Somente o poder que se coloca sob a medida e o juízo do céu – isto é, de Deus – pode tornar-se poder para o bem”.
Naquele momento, Jesus reviveu, em outro contexto, o episódio da terceira tentação no deserto, quando o diabo O levou para um monte muito alto, mostrou a Ele todos os reinos do mundo e disse: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”. Jesus recusa o oferecimento do diabo, dizendo-lhe:
Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele prestarás culto”. (Mt 4, 8-10)
Ao ser libertado pela maioria do povo, Barrabás obtém uma vitória momentânea. Se pelo voto ele venceu até o Verbo Divino, por que não venceria um simples pecador? Mas a verdadeira e definitiva vitória nós sabemos a quem pertence. O destino do líder revolucionário perdeu-se na noite dos tempos; o destino de Jesus crucificado foi a Ressurreição.
No entanto, até que as pessoas descubram a verdade, Barrabás causará muita dor.
– Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.
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