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Brasil e Argentina iniciam a construção da Pátria Grande com moeda única

Texto Traduzido do Corriere Della Sera
Uma moeda comum para os dois maiores países da América do Sul. O Brasil de Lula e a Argentina de Alberto Fernández anunciarão nesta semana os preparativos, aos quais outras nações latino-americanas serão convidadas a se juntar no futuro, para construir uma moeda comum que, inicialmente, deverá funcionar em paralelo com as moedas existentes. O projeto, se bem-sucedido, poderá criar o segundo maior bloco monetário do mundo.
O cume do Celac
As duas maiores economias da América do Sul discutirão o plano na cúpula da CELAC, marcada para os dias 23 e 24 de janeiro em Buenos Aires. E o anúncio oficial é esperado durante a visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que chega à Argentina na noite deste domingo, para sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o poder, em 1º de janeiro do ano passado. A moeda, que o Brasil sugere chamar de "Sur" (ou Sul), pode dar um grande impulso ao comércio regional e reduzir a dependência dos países latino-americanos do dólar americano. Conforme mencionado, a princípio, a nova moeda comum deveria funcionar em paralelo com o real brasileiro e o peso argentino. Durante a cúpula, portanto,Financial Times o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa. “Não quero criar falsas expectativas – apressou-se, porém, a acrescentar – mas é o primeiro passo de uma longa caminhada que a América Latina deve percorrer”. Nos últimos anos, Brasil e Argentina já haviam discutido uma moeda comum, mas as negociações sempre foram frustradas pela oposição do Banco Central brasileiro. Mas agora que os dois países são governados por líderes de esquerda, o apoio político é maior.
Brasil e Argentina, comércio de 26,4 bilhões de dólares
O comércio entre Brasil e Argentina está crescendo, atingindo US$ 26,4 bilhões nos primeiros 11 meses do ano passado, um aumento de quase 21% em relação ao mesmo período de 2021. As duas nações são a força motriz por trás do bloco comercial regional do Mercosul, que também inclui Paraguai e Uruguai. A pressão por uma moeda sul-americana comum é mais forte na Argentina, onde a inflação anual oscila entre 90 e 100%, com o banco central forçado a imprimir dinheiro para financiar os gastos. Uma moeda comum poderia ajudar e, de acordo com estimativas do Financial Times, se abrangesse toda a América Latina, representaria cerca de 5% do PIB mundial. Para se ter uma ideia da proporção, a maior união monetária do mundo, o euro, representa cerca de 14% do PIB global quando medido em dólares. Outros blocos monetários incluem o franco CFA, usado por alguns países africanos e atrelado ao euro, e o dólar do Caribe Oriental. O projeto brasileiro-argentino provavelmente levará muitos anos para ser implementado. Afinal, o próprio Massa lembrou como a Europa demorou 35 anos para dar à luz o euro.
Os medos do Brasil
Enquanto isso, porém, um porta-voz do Ministério da Fazenda brasileiro disse não ter conhecimento de um grupo de trabalho sobre uma moeda comum. No mínimo, o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi co-autor de um artigo publicado no ano passado, antes de assumir seu cargo atual, no qual propunha uma moeda sul-americana comum, mas digital. Os temores do Brasil de vincular a maior economia da América Latina à de seu vizinho perpetuamente instável são concretos. A Argentina foi em grande parte isolada dos mercados internacionais de dívida após seu calote em 2020 e ainda deve mais de US$ 40 bilhões ao Fundo Monetário Internacional por seu resgate de 2018.
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