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Ex-diretor da PRF preso combatia narcotráfico

Por Rhuan C. Soletti
Vasques foi diretor-geral da PRF entre 7 de abril de 2021 e 20 de dezembro de 2022. Com o governo anterior e o trabalho dele, o Custo Estimado de apreensões chegou em um aumento de até 57.88%
O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, voltou ao centro das atenções após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, prendê-lo “preventivamente”, em decorrência de supostos crimes eleitorais.
Moraes alegou que Vasques tentou impedir petistas de votarem durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022, ao criar ações de fiscalização de compra de votos e blitzes, o que representava um possível perigo ao processo eleitoral que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 
A esquerda, como é de sua natureza, elencou o ex-policial como símbolo da PRF, associando ele, e consequentemente a instituição, à imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Deste modo, Vasques foi classificado como o “inimigo do PT”, como se todo seu trabalho fosse para atrapalhar o partido – empurrando a PRF no mesmo barco. 
No entanto, a história de Silvinei Vasques vem muito antes disso, e, antes mesmo das eleições, ele era um perigo para o narcotráfico.
O Custo Estimado de apreensões, segundo o Observatório de Dados da PRF, em 2020 era de R$ 7.76 bilhões, e, no ano de entrada de Vasques (2021), chegou em um aumento de até 57.88% (R$ 20.02 bilhões) a mais no custo de apreensões:
  • 2020: R$ 7.76 bi
  • 2021: R$ 20,02 bi
  • 2022: R$ 17,96 bi
Só em cocaína, por exemplo, que obteve o valor apreendido de em 2020, R$ 5.463.148,00, o valor de R$ 7.244.561,00 em 2021 e de R$ 10.477.224,00 em 2022. Isso teve, certamente, influência de todo o governo vigente da época, que era o de Bolsonaro.

Comparando-se ao ano de 2020, de acordo com os gráficos da PRF, a quantidade de apreensões na região Norte aumentou, resultado de uma distribuição mais equilibrada em todo o país. Em 2020, as regiões Norte e Nordeste, excluindo a Bahia, Mato Grosso e Rondônia, apresentaram menos apreensões. Até então, nos governos anteriores, o foco estava principalmente nas regiões Centro e Sul. Com a melhoria na distribuição, incluindo o Nordeste, o número de apreensões aumentou significativamente.

Em outubro (31) de 2022, Moraes determinou que a PRF adotasse "todas as medidas necessárias e suficientes" para desobstruir as rodovias ocupadas por manifestantes em protesto pelo resultado das  eleições – o que a PRF já estava fazendo. 
Neste ano, Vasques foi convocado para prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) de 8 de janeiro, e foi preso na manhã de quarta-feira (9) pela Polícia Federal (PF) em Florianópolis. A prisão do ex-diretor-geral da PRF ocorreu no âmbito de um inquérito sobre suposta interferência no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Silvinei Vasques
Vasques é graduado em ciências econômicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e direito pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), administração de empresas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e segurança pública pela Unisul.
Ele já exerceu atividades de gerência e comando em diversas áreas, segundo a PRF, inclusive como superintendente em Santa Catarina e coordenador-geral de operações na capital federal. Também foi secretário municipal de Segurança Pública e de Transportes no município de São José entre 2007 e 2008.
Em 20 de dezembro de 2022, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a exoneração de Vasques da função de diretor-geral da PRF, em publicação assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Três dias depois, o DOU publicou a concessão de sua aposentadoria, atendendo ao seu pedido.
Desta forma, o ex-policial se aposentou aos 47 anos com vencimentos integrais, após 27 anos de contribuição. Embora as regras para aposentadoria tenham sido alteradas posteriormente, o servidor já tinha direito adquirido de aposentadoria pelas regras antigas, em que se exigiam 20 anos de contribuição sem idade mínima.
Eleições
Vasques se tornou alvo de atenções após envolvimento com diversas polêmicas em torno da atuação da força policial. A oposição da época alegou que, em 2022, Vasques supostamente conduziu operações policiais no dia das eleições gerais de segundo turno, operação que havia sido proibida pelo Tribunal Superior Eleitoral no dia anterior. 
Conforme alegado pelos acusadores, a PRF deu continuidade à operação de “impedir nordestinos de votar”, supostamente planejada em reunião com Jair Bolsonaro (PL), resultando em operações que atingiram desproporcionalmente a região Nordeste do país, focando em veículos de transporte coletivo. 
Em seu depoimento de junho, na CPMI, respondeu:
“O que se falou muito é que a PRF, no segundo turno da eleição, direcionou a sua fiscalização para o Nordeste brasileiro. Isso não é verdade. Não é verdade porque o Nordeste é o local onde temos nove estados, nove superintendências, temos a maior estrutura da PRF no Brasil, a maior quantidade de unidades da PRF. Nos estados do Nordeste é onde se encontra hoje, lotado, o maior número de efetivos da instituição e é a região brasileira onde está a maior malha viária de rodovias federais”, disse.
Ao ser questionado sobre uma relação com o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), Vasques afirmou:
“Nunca votei nele porque meu título está em Florianópolis, em Santa Catarina [...] Tirei foto com ele, pois foi o único presidente que me deixou tirar foto. Ele me ligava às vezes quando recebia reclamações de caminhoneiros ou sobre obstruções nas estradas”, concluiu Vasques.
Em entrevistas a jornalistas, Moraes declarou que "não houve nenhum prejuízo no exercício do direito de voto e logicamente não haverá nenhum adiamento do término do horário da votação". Ele descartou estender o horário do término das eleições. "A votação termina às 17h como planejado.""Não houve prejuízo aos eleitores no seu exercício do direito de voto", acrescentou. Mesmo assim, prosseguiu em prendê-lo.
O TSE foi acionado pela coligação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com as alegações de interferência eleitoral. O Nordeste é a região que mais contém eleitores do petista. Pelo menos 560 abordagens de fiscalização a grupos fazendo transporte público de eleitores foram relatadas.
Em contrapartida, a PRF acionou a Advocacia-Geral da União (AGU), no dia da paralisação, para garantir o fluxo das estradas, mas a AGU respondeu que a PRF poderia agir sem autorização do órgão. A corporação divulgou nota dizendo que "adotou todas as providências para o retorno da normalidade do fluxo", e que estava priorizando o diálogo para garantir o direito de manifestação.

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