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30 anos de história: a influência do PCC na política brasileira

Por Yasmin Alencar
Após três décadas de sua fundação, o PCC fortaleceu sua presença tanto dentro como fora das prisões
Trinta anos se passaram desde a fundação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na Casa de Custódia de Taubaté, conhecida como "Piranhão", no interior do estado de São Paulo, em 31 de agosto de 1993. Naquela data, dois detentos foram mortos durante uma partida de futebol. De um lado, estava o time Primeiro Comando Caipira; do outro, jogadores que mais tarde se tornariam membros da principal facção criminosa do país.
Após três décadas de sua fundação, o PCC fortaleceu sua presença tanto dentro como fora das prisões. Recentemente, o Ministério Público do Estado de São Paulo confirmou tentativas do PCC de se infiltrar no poder público.
O grupo criminoso estaria financiando a formação de advogados, cuja nova função seria estudar para concursos no Ministério Público, Polícia Civil e Militar, bem como na Receita Federal. O objetivo seria introduzir membros da facção em órgãos policiais e judiciários.
“O Ministério Público tem conhecimento. Nós sabemos efetivamente da existência dessas organizações criminosas. E em razão disso nós buscamos de toda maneira possível todos os caminhos possíveis imagináveis no sentido de obstáculo o ingresso de qualquer pessoa ligado a essas organizações ao Ministério Público. Não só o Ministério Público, as demais carreiras jurídicas também”, disse o procurador de Justiça José Carlos Cosenzo.
Além do Judiciário, o grupo também tem influência tanto no Executivo quanto no Legislativo.
A possível ligação entre o PCC e o Partido dos Trabalhadores, cujo líder é o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi discutida em vários momentos da política nacional.
A controvérsia em torno da conexão entre esses dois grupos criminosos ganhou destaque em 2019, quando a Polícia Federal interceptou ligações telefônicas de membros da facção que mencionavam transferências de presos e faziam referência a um suposto "diálogo cabuloso" que mantinham com o partido de Lula.
“Esse Moro aí, mano, esse cara é um m…”, disse um dos integrantes do PCC, Alexsandro Roberto Pereira, também conhecido como “Elias”. “Ele [Moro] já começou [a atrapalhar] quando foi para cima do PT. Para você ver que com o PT, com nós a gente tinha diálogo. O PT nós tinha um diálogo cabuloso, mano.”
Em junho de 2022, a Polícia Civil de São Paulo iniciou uma investigação para apurar a possível conexão entre o vereador petista Senival Moura (PT) e o PCC. Moura é suspeito de atuar como uma espécie de intermediário para a organização criminosa no setor de transportes da capital paulista.
Em fevereiro deste ano, mesmo sob investigação, Moura assumiu a presidência da Comissão de Transportes da Câmara Municipal de São Paulo.
A relação entre o PT e o PCC também foi mencionada por "Marcola", considerado o criminoso mais perigoso do Brasil. Em outubro de 2022, vazaram áudios de Marcola da prisão, nos quais ele deixava claro a existência de canais de comunicação entre o PT e a facção.
Durante o processo do Mensalão, um dos maiores escândalos de corrupção envolvendo o partido de Lula, o operador Marcos Valério chegou a confessar em uma delação premiada a relação entre os dois grupos criminosos. Na época, Valério afirmou ter ouvido detalhes sobre a conexão entre os petistas e o Primeiro Comando da Capital do então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira.
Influência na política local
A influência do PCC na política também se estende ao âmbito local e regional. Em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, o então prefeito Ney Santos (PRB) foi cassado sob suspeita de envolvimento com o PCC. Ney Santos e seu sócio, Ricardo Luciano Andrade dos Santos, foram alvos de uma investigação que durou quase 11 anos devido à suspeita de lavagem de dinheiro por meio de uma rede de postos de combustíveis.
Santos teve sua cassação suspensa pelo STF e foi reeleito em 2020.
Em 2018, outros políticos foram presos por suas conexões com o PCC. No Rio de Janeiro, o prefeito de Japeri, Carlos Moraes, o então presidente da Câmara Wesley George e um vereador, todos do Partido Progressista (PP), foram detidos.
Esses políticos, inclusive, evitavam operações policiais contra os criminosos.
MTST e PCC
Uma outra organização criminosa, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), também teve sua ligação com o PCC exposta.
Em 2016, a Polícia Civil de São Paulo prendeu líderes do movimento por utilizarem a organização como fachada para o tráfico de drogas em pleno centro de São Paulo.
Fonte: Brasil Sem Medo

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