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Presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morre após queda de helicóptero

Além do político ultraconservador, outras autoridades iranianas, como o chanceler Hossein Amirabdollahian, também morreram na queda
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morreu aos 63 anos após o helicóptero em que ele e outras autoridades iranianas estavam cair em uma região montanhosa próxima do Azerbaijão em razão das más condições climáticas. A informação foi confirmada pelo país nesta segunda-feira, 20. O acidente ocorreu no domingo 19. 
A queda da aeronave ocorreu entre as aldeias de Pir Davood e Uzi, que fica na província iraniana do Azerbaijão Oriental, cerca de 600 quilômetros da capital Teerã. A região é montanhosa e de difícil acesso. As buscas duraram mais de doze horas, mas o mau tempo atrapalhou as equipes de resgate.
Além de Raisi, estavam no helicóptero o chanceler do Irã, Hossein Amirabdollahian, o governador da província iraniana do Azerbaijão Oriental, Malek Rahmati, e o líder religioso, Hojjatoleslam Al Hashem. 
O líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, anunciou que o vice-presidente Mohammad Mokhber, de 69 anos, vai assumir o posto de Raisi e declarou luto oficial de cinco dias.
Quem era Ebrahim Raisi 
O presidente do Irã foi um clérigo linha-dura eleito em agosto de 2021 com o apoio do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei. Lá, quem manda mesmo é Khamenei, quem dá a última palavra em assuntos estratégicos de Estado, mas o presidente tem grande influência na política interna e externa. Foi Khamenei que escolheu Raisi para ser o grande guardião da Astan Quds Razavi, uma das fundações religiosas do Irã. O país é governado com mãos de ferro desde a Revolução Islâmica de 1979, que impôs restrições á liberdade política.
Raisi tinha 63 anos de idade. O nome completo dele é Sayyid Ebrahim Raisol-Sadati. Quando foi eleito em 2021, Raisi derrotou Hassan Rouhani, um presidente mais moderado, que buscava a reeleição. Em 2017, Raisi tinha se candidatado à Presidência, mas foi derrotado por Rouhani. Raisi ocupou diversos cargos o Judiciário iraniano. Ele foi procurador-Geral por dois anos, até 2016. Antes, tinha sido promotor e procurador adjunto de Teerã.
Ele foi um dos estudantes que se rebelaram contra o Xá, movimento que eclodiu na Revolução Islâmica de 1979, liderada pelo Aiatolá Khomeini, que aprovou uma constituição teocrática. O presidente do Irã é acusado por diversos ativistas de direitos humanos de participação nas execuções em massa de cerca de 5 mil prisioneiros políticos no país. Isso se deu em 1988, quando ele era vice-procurador-geral de Teerã e atuou como um dos juízes dos tribunais secretos, conhecidos como Comitê da Morte. Raisi foi acusado de mandar matar mais gente, após assumir a chefia do Judiciário, em 2019. Raisi foi o principal responsável pelas reformas que levaram á redução do número de pessoas condenadas à morte por crimes relacionados ao narcotráfico, mas as mortes não cessaram. 
Raisi também era responsável por perseguir cidadãos suspeitos de espionagem no Irã. O governo dos EUA impôs sanções a Raisi em 2019 pelo histórico de violações de direitos humanos. Na primeira eleição, em 2017, quando não foi eleito, Raisi se apresentou como candidato anti-corrupção. Em 2021, no pleito em que se sagrou vencedor, ele se apresentou como o candidato que iria combater a pobreza, a corrupção e a discriminação. Eleito com 62% dos votos, Raisi endureceu as chamadas leis morais no Irã, que permitem o espancamento de mulheres que não cobrem a cabeça com um lenço. No final do ano passado, a adolescente Armita Geravand morreu após ser espancada. Um ano antes, ganhou repercussão a morte de Mahsa Amini, que gerou protestos o país. Durante os protestos, Raisi cuidou de reprimir com violência os civis que foram para as ruas. 
O presidente do Irã fortaleceu os vínculos com grupos terroristas, principalmente aqueles que não reconhecem a existência de Israel. O Hamas, por exemplo, invadiu Israel em outubro do ano passado e aniquilou mais de 1300 pessoas, incluindo turistas brasileiros. Mais de 200 pessoas foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza. Outro grupo terrorista que o país de Raisi apoia é o Hezbollah, baseado no Líbano, que também tenta destruir Israel. No Iêmen, o Irã apoia o grupo terrorista Outhi. 
A prova da ligação umbilical do Hamas com o Irã foi dada hoje. O Porta-voz do Hamas, Izzat al-Risheq, enviou mensagem de solidariedade ao governo iraniano assim que recebeu a notícia do sumiço do helicóptero com o presidente. “Nosso coração está com a nação iraniana como amiga e irmã. Oramos a Deus por misericórdia e cuidado com o presidente, o ministro das Relações Exteriores e seus companheiros”, diz a mensagem do Hamas. 
O Irã ingresso no grupo dos Brics com o apoio do presidente Lula. O grupo era formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Recentemente, o Brics recebeu a adesão do Irã, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes e Etiópia. A Argentina também foi convidada para ingressar no Brics, mas o presidente Javier Milei, de perfil liberal, recusou o convite. Lula teve um encontro com Raisi em outubro do ano passado, em Joanesburgo, na África do Sul, à margem da cúpula dos Brics. Segundo a informação oficial, o presidente iraniano agradeceu a Lula pela entrada de seu país no bloco econômico e afirmou que desejava ampliar as relações comerciais com o Brasil. 
Com a morte do presidente da República do Irã, vai assumir o comando do país o vice-presidente Mohammad Mokhber, de 69 anos de idade, outro conservador. A lei do país determina que, em caso de morte, o vice assume e convoca-se eleições em um prazo de seis meses após a posse.

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