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Lula se exime de responsabilidade em queimadas e agrava tensão com o agronegócio

Por Alan Fardin
Diante do aumento histórico das queimadas que atingem São Paulo, o Pantanal e a Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por desviar a responsabilidade do governo federal. No último domingo (25), Lula apontou mudanças climáticas e ações criminosas como os grandes vilões por trás dos incêndios, ordenando à Polícia Federal que investigue os responsáveis. Porém, deixou de mencionar os cortes orçamentários destinados à prevenção e combate às queimadas, realizados no início de sua gestão.
Essa postura gerou fortes críticas, especialmente da oposição, que destacou a contradição com as promessas ambientais feitas por Lula durante sua campanha presidencial. O presidente, que criticou duramente a gestão de Jair Bolsonaro (PL) pelo avanço das queimadas, agora enfrenta um cenário ainda mais grave sob sua administração. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que, entre 1º de janeiro e 23 de agosto de 2024, foram registrados 102.670 focos de queimadas, o maior número para o período nos últimos 14 anos.
O senador Márcio Bittar (União Brasil-AC) e outros parlamentares da oposição não pouparam críticas, exigindo que o governo assuma suas responsabilidades. Segundo Bittar, “Lula e Marina Silva não podem mais culpar o governo anterior, e agora recorrem ao aquecimento global e ao El Niño como desculpas”.
O deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) também expressou descontentamento com a incoerência das ações do governo. Ele destacou que, enquanto criticavam Bolsonaro, Lula e Marina agora evitam admitir falhas em sua gestão. “Essa postura só demonstra a hipocrisia que domina o atual governo”, afirmou.
A crise ambiental que se aprofunda pode gerar um novo atrito entre o governo e o agronegócio, principalmente se Lula seguir a linha defendida por Marina Silva, que sugeriu a possibilidade de crimes orquestrados, como no episódio do “dia do fogo” de 2019. Os prejuízos financeiros causados pelos incêndios são altos, com estimativas de R$ 1 bilhão em São Paulo, segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Mesmo com os alertas meteorológicos e as previsões de queimadas, o governo federal reduziu em 50% o orçamento destinado ao combate a incêndios, frustrando pedidos de órgãos como o Ibama, que solicitou R$ 120 milhões, mas recebeu apenas R$ 50 milhões após cortes no Congresso.
A Polícia Federal já instaurou 31 inquéritos para apurar as causas dos incêndios e está focada em áreas de interesse federal, como terras indígenas e locais próximos a aeroportos. Lula declarou que, até agora, “não detectamos incêndios causados por raios, o que indica que há ação humana por trás”.
A imagem de Lula como defensor das florestas, construída durante sua campanha, agora está sob intensa crítica, especialmente quando o presidente recorre à comunidade internacional, pedindo mais apoio financeiro dos países ricos para enfrentar as mudanças climáticas. Para a oposição, isso não passa de mais uma tentativa de desviar o foco das falhas do governo.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) resumiu o sentimento de seus aliados: “Sob a gestão incompetente de Lula, o país está em chamas.” E as cobranças não param por aí, com deputados como Bia Kicis (PL-DF) e Sílvia Waiãpi (PL-AP) questionando o silêncio de artistas e ONGs que antes criticavam Bolsonaro e agora permanecem calados.
Em São Paulo, os incêndios que começaram na quinta-feira (22) devastaram 59 mil hectares de cana-de-açúcar, resultando em uma perda estimada de R$ 350 milhões. Embora o governo paulista tenha controlado a situação, as autoridades continuam investigando as causas e possíveis responsabilidades.
A narrativa do governo Lula, que buscou culpar fatores externos e criminalidade pelos incêndios, pode resultar em uma crise mais ampla, especialmente com setores que já se mostram insatisfeitos com a gestão petista.

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