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Manifestação contra Maduro reúne milhares em Caracas: “Não vamos sair das ruas”

 

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, discursa diante de milhares de pessoas em Las Mercedes, Caracas. “Nunca fomos tão fortes como hoje e o regime nunca foi tão fraco”
María Corina Machado liderou a mobilização deste sábado em Las Mercedes, em Caracas, para denunciar a fraude eleitoral cometida pela ditadura de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais do último domingo na Venezuela.
“Edmundo González conquistou o apoio do povo e todos nós sabíamos o que estávamos expressando (...) Nosso objetivo é tratar os cidadãos com lealdade. Fizemos história, isso acabou”, afirmou aos seus seguidores, antes de agradecer-lhes pelo corajoso trabalho dos últimos meses. “Vocês conseguiram, cada um de vocês. O que pode ser mais nobre do que tornar-se uma testemunha, um guardião da soberania popular?”
Sobre o regime, alertou: “Eles são capazes de tudo, mas nunca contaram com a nossa organização” e acrescentou: “Não vamos sair das ruas. A nossa luta é cívica e pacífica.”
“Não vamos abrir mão do nosso direito ao protesto cívico”, disse Maria Corina sobre a repressão e perseguição liderada pelas forças de segurança da ditadura chavista contra o povo desde segunda-feira. “A violência é o único recurso que lhes resta, mas nós não atacamos”, observou.
María Corina destacou o papel crucial do povo venezuelano na luta contra a ditadura, elogiando a coragem e a determinação dos cidadãos que, segundo ela, se tornaram “guardiões da soberania popular”. Em seu discurso, ela enfatizou que o regime chavista perdeu toda a legitimidade e que o mundo está cada vez mais ciente dessa realidade. Ela agradeceu o apoio da comunidade internacional, mencionando que diversos países começaram a reconhecer Edmundo González Urrutia, candidato apoiado pela oposição, como o verdadeiro vencedor das eleições.
A presença de María Corina Machado nas ruas de Caracas é um sinal claro de desafio ao regime de Maduro, que intensificou a repressão contra os opositores. Recentemente, em um artigo publicado no The Wall Street Journal, a líder oposicionista expressou temores por sua vida, afirmando que poderia ser capturada a qualquer momento. Mesmo assim, sua participação nos protestos é vista como um recado direto a Maduro de que a oposição não será silenciada.
Durante a manifestação em Las Mercedes, a líder da oposição estava acompanhada por outros políticos opositores, mas não por Edmundo González. Isso não diminuiu a força do movimento, que foi marcado por gritos de “liberdade” e por um forte sentimento de união entre os manifestantes. Jezzy Ramos, um chef de cozinha de 36 anos, declarou que a luta é pela liberdade e pela democracia na Venezuela. Sonell Molina, outro manifestante, afirmou que o governo de Maduro não admite a derrota e está perpetrando um autogolpe.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela confirmou a reeleição de Maduro, alegando que ele recebeu 52% dos votos, enquanto González obteve 43%. No entanto, a oposição contesta esses resultados, argumentando que não foram divulgadas atas detalhadas que comprovem a veracidade da apuração. O Carter Center, uma das poucas entidades independentes a observar o pleito, declarou que o processo eleitoral na Venezuela não pode ser considerado democrático. Países como Estados Unidos, Costa Rica, Equador, Peru e Uruguai também questionaram a legitimidade da eleição, não reconhecendo a vitória de Maduro.
A repressão do regime chavista tem sido brutal. Segundo a ONG Foro Penal, 891 pessoas foram detidas desde o início dos protestos, incluindo 89 adolescentes, e pelo menos 11 manifestantes foram mortos. O governo de Maduro, por sua vez, afirma ter prendido 1.200 pessoas. Em resposta aos protestos da oposição, o regime também mobilizou seus apoiadores, organizando caravanas de motociclistas pró-ditador em várias cidades.
A declaração de vitória de Maduro pelo CNE foi um dos principais motivos para a convocação dos protestos deste sábado por María Corina Machado. A líder da oposição apelou aos venezuelanos para saírem às ruas com “satisfação de ter alcançado a vitória”, destacando que a luta é para manter as famílias unidas na Venezuela e garantir a liberdade do país.

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