O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja a Nova York neste sábado (21.set.2024) para participar da 79ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) e para reuniões em que pretende discutir a reforma de instituições multilaterais e a democracia.
Lula chega aos Estados Unidos no momento em que seu governo registra uma seca histórica e números recordes de incêndios em diversas regiões do país. Ainda assim, deve manter a cobrança aos países mais ricos por financiamento para preservação ambiental e transição energética. Dirá que a situação no Brasil é consequência da crise climática pela qual o planeta passa e que todos têm responsabilidade.
Desde o início do seu 3º mandato, Lula apostou sua reputação internacional na pauta ambiental. Embora tenha conseguido reduzir os níveis de desmatamento na Amazônia e em outras regiões do país, terá de convencer os líderes internacionais de que é preciso agir em conjunto. Não será tarefa fácil. Reações, ainda que protecionistas, estão em curso. A União Europeia, por exemplo, adotará a partir de 2025 uma regra que proíbe importações de produtos de áreas desmatadas ilegalmente. O Brasil tentou reverter a decisão, sem sucesso.
O cenário doméstico também não ajuda Lula. De acordo com o MapBiomas, de janeiro a agosto de 2024, mais de 1,7 milhão de hectares queimaram na Amazônia. A suspeita de que os incêndios no Brasil têm origem criminosa dificulta o convencimento que o presidente pretende fazer para que os outros líderes mundiais confiem ao Brasil recursos volumosos para preservação ambiental.
O Brasil teve a sua capital encoberta por fumaça durante 3 dias na última semana. Maior cidade do país, São Paulo já havia registrado, por 5 dias, o pior ar do mundo entre as metrópoles. O presidente foi obrigado a dizer na 3ª feira (17.set) que a nação não estava “100% preparada” para a onda de incêndios.
“O que a gente tem visto no Brasil tem uma relação muito grande com os eventos climáticos extremos. Ou seja, uma seca excepcional que está, de certa maneira, relacionada a essas transformações que têm acontecido. Então, nesse sentido acho que [Lula] vai levar para o cenário Internacional e dizer que é preciso atuar rapidamente e agir porque ‘vejam só o que está acontecendo no Brasil’”, disse o secretário de assuntos multilaterais políticos do Itamaraty, Carlos Cozendey, a jornalistas na 5ª feira (17.set.2024).
Além disso, o petista relacionará os eventos atuais ao descaso de países ricos que prometem, sem cumprir, US$ 100 bilhões anuais para ações ambientais. Lula não deve mencionar, porém, a falta de planejamento para o combate ao fogo no Brasil, alvo de crítica de governadores de oposição.
Fonte: Poder 360
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