Banco Central divulga dados que mostram aumento da dívida e saldo negativo nas contas do setor público consolidado; déficit acumulado em 12 meses chega a R$ 257,7 bilhões
O setor público consolidado, que inclui União, estados, municípios e empresas estatais, apresentou um déficit primário de R$ 21,3 bilhões em julho, de acordo com relatório divulgado pelo Banco Central nesta sexta-feira (30). O valor representa uma redução de 40,5% em comparação ao mesmo mês de 2023, quando o rombo foi de R$ 35,8 bilhões.
O déficit primário, que contabiliza a diferença entre receitas e despesas sem considerar os juros da dívida pública, foi impulsionado principalmente pelo saldo negativo nas contas do governo federal, que registrou um déficit de R$ 8,6 bilhões. Os estados e municípios também apresentaram resultados negativos, com um déficit de R$ 11 bilhões, enquanto as empresas estatais fecharam o mês com um saldo negativo de R$ 1,7 bilhão.
Acumulado de 12 meses
Nos últimos 12 meses, o déficit do setor público consolidado totalizou R$ 257,7 bilhões, o que equivale a 2,29% do Produto Interno Bruto (PIB). Em comparação, no mesmo período de 2023, o rombo foi de R$ 80,5 bilhões. Em junho de 2024, o valor acumulado era de R$ 272,2 bilhões, demonstrando uma leve recuperação.
Juros da dívida e resultado nominal
Quando se incorporam os juros da dívida pública, obtém-se o chamado resultado nominal, utilizado para comparações internacionais. Em julho, o déficit nominal atingiu R$ 101,5 bilhões, o maior registrado para o mês desde o início da série histórica, em 2002. No acumulado de 12 meses, o déficit nominal alcançou R$ 1,127 trilhão, o equivalente a 10,02% do PIB, também um recorde.
Em termos de despesas com juros, o setor público consolidado desembolsou R$ 80,1 bilhões em julho e R$ 869,8 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses.
Dívida bruta
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que inclui as obrigações do governo federal, INSS e governos regionais, subiu para 78,5% do PIB em julho, um aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao mês anterior. Em valores absolutos, a dívida atingiu R$ 8,8 trilhões. Desde o início de 2024, a dívida bruta já cresceu 4,1 pontos percentuais.
Perspectivas e impacto econômico
O reequilíbrio das contas públicas é visto como fundamental para evitar um aumento descontrolado da dívida brasileira, um indicador monitorado de perto pelas agências de classificação de risco, que avaliam a credibilidade econômica do país no mercado internacional.
Desde o início do governo Lula, a dívida pública aumentou 6,8 pontos percentuais, saindo de 71,7% do PIB no final de 2022 para os atuais 78,5%. Entre as medidas aprovadas pela gestão petista estão a PEC da Transição e o novo arcabouço fiscal, que ampliaram os gastos públicos em cerca de R$ 170 bilhões por ano, destinando recursos a áreas como saúde, educação e previdência.
Ainda assim, analistas do mercado financeiro projetam que a dívida pública brasileira pode chegar a 93% do PIB até 2033, enquanto o governo trabalha com um cenário base de 79,7% até 2027.
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