O Conselho Institucional do Ministério Público Federal (MPF) decidiu, por unanimidade, anular o desconto de R$ 6,8 bilhões concedido à J&F no acordo de leniência firmado pela empresa. O benefício, autorizado pelo subprocurador-geral da República Ronaldo Albo, reduzia a multa de R$ 10,3 bilhões para R$ 3,5 bilhões e gerou uma crise interna no MPF. Agora, com a decisão final do Conselho, a redução foi definitivamente anulada.
O caso foi inicialmente conduzido pelo procurador Carlos Henrique Martins Lima, que, segundo o Conselho, deveria ter liderado as negociações desde o início. A decisão de Albo foi considerada irregular, já que retirava da equação instituições como o BNDES e o Funcef, mantendo apenas a União como beneficiária do valor reduzido.
Em setembro do ano passado, o desconto já havia sido suspenso de forma liminar, e agora o Conselho restabeleceu a multa original de R$ 10,3 bilhões, que deve ser destinada ao BNDES, à União, ao Funcef e à Petros, conforme os termos do acordo de 2017, firmado no âmbito da Operação Greenfield. A mudança de Albo gerou indignação dentro do MPF, especialmente durante o final da gestão de Augusto Aras, provocando atritos entre os membros do órgão.
O relator do caso, subprocurador Paulo Vasconcelos Jacobina, ressaltou que o “procurador natural do caso deve ter a palavra final sobre o acordo”. A subprocuradora Maria Iraneide Facchini considerou o episódio “lamentável” e expressou seu desejo de que erros semelhantes não se repitam.
Carlos Henrique Martins Lima, que conduzia a investigação na primeira instância, argumentou que a revisão unilateral feita por Albo poderia causar prejuízos irreversíveis às partes envolvidas. A defesa da J&F havia conseguido uma decisão liminar na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, restabelecendo o desconto, mas com a nova decisão do MPF, a empresa volta a enfrentar a cobrança do valor integral.
Agora, representantes do Funcef e da Petros planejam utilizar a decisão do Conselho para reverter a liminar que havia restaurado o benefício à J&F. Alexandre Barenco, gerente jurídico da Petros, defendeu que mudanças no acordo deveriam ser discutidas entre todas as partes envolvidas, já que envolvem potenciais vítimas de crimes.
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