Rui Costa promete “conjunto de intervenções” contra alta nos preços após Lula cobrar ministros em reunião. BC já tinha alertado para consequências da falta de disciplina fiscal
Dois dias depois de Lula (à direita na foto) cobrar seus ministros pela alta nos preços dos alimentos, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (à esquerda na foto), prometeu um “conjunto de intervenções” para tentar conter a inflação.
Como tudo na gestão econômica do governo Lula, a conversa começou estranha.
“Se quem está vendendo sabe que a pessoa está com um salário maior, o vendedor vai testando para ver se o consumidor se dispõe a pagar um preço maior. Se o consumidor não procurar muito, não pechinchar muito, isso tende a puxar uma elevação de preço”, disse Costa.
Essa é mais uma questão que o governo não pode enfrentar de frente, como na crise do monitoramento do Pix, porque tem culpa no cartório.
Culpa no cartório
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixou bem clara na ata de sua última reunião, divulgada em dezembro, a parcela de culpa de Lula na alta da inflação, que terminou o ano acima do teto da meta:
“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.”
Esse mesmo aviso já tinha sido dado em outras atas do Copom. Em novembro, após mais uma elevação na taxa básica de juros, os membros do comitê alertaram para a necessidade de “uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados” para a “ancoragem das expectativas de inflação”.
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