O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (18) que permanecerá nos Estados Unidos, alegando perseguição política no Brasil. A decisão foi recebida com críticas por integrantes do governo Lula (PT) e da base aliada, que enxergam a medida como uma tentativa de vitimização e de difamação do país no exterior.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), classificou a decisão como “mais uma encenação desesperada da família golpista e seus cúmplices”. Segundo ela, Eduardo busca construir uma narrativa falsa de que o Brasil vive um regime autoritário. “Querem se passar por vítimas e difamam o Brasil, de forma criminosa, mentindo que vivemos numa ditadura”, afirmou.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, reforçou que o deputado busca “constranger o Supremo Tribunal Federal” e criar um clima de tensão internacional contra o governo brasileiro. Ele também questionou o fato de Eduardo Bolsonaro continuar recebendo salário da Câmara enquanto passa grande parte do tempo nos Estados Unidos.
Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo tem dedicado esforços a convencer o Partido Republicano dos EUA a adotar sanções contra ministros do STF, em especial Alexandre de Moraes. A iniciativa faz parte de uma ofensiva de setores da direita para minar as decisões da Suprema Corte brasileira, que tem atuado contra atos antidemocráticos e investigações relacionadas ao bolsonarismo.
A decisão do deputado de permanecer nos EUA veio no mesmo dia em que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, arquivou um pedido apresentado pelo PT para apreensão de seu passaporte. O pedido foi motivado por suspeitas de que Eduardo teria atuado contra a soberania nacional. No entanto, mesmo sem qualquer decisão contrária a ele, o parlamentar afirmou que não se sente seguro para retornar ao Brasil.
No Palácio do Planalto, a leitura é de que Eduardo Bolsonaro busca se projetar politicamente para 2026 e ganhar visibilidade como um suposto “perseguido político”, estratégia que já foi adotada por seu pai e aliados.
O governo também vê a movimentação do deputado como uma resposta ao fracasso de sua indicação para a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. O PL, partido de Bolsonaro, tentou emplacá-lo no cargo, mas ministros do STF e integrantes do Congresso se mobilizaram contra a indicação, que acabou ficando com Filipe Barros (PL-PR).
O ex-presidente Jair Bolsonaro elogiou a decisão do filho e comparou a atual situação política do Brasil ao avanço do “nazifascismo”. Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o líder da oposição na Câmara, Zucco (PL-RS), manifestaram apoio ao deputado, afirmando que ele cumpre uma “missão histórica” ao denunciar abusos.
O governo Lula, no entanto, rechaça essa narrativa. Para Gleisi Hoffmann, a direita tenta reescrever os fatos e inverter papéis. “Não foi Disneylândia, foram atentados violentos às sedes dos Poderes”, disse, lembrando os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. “Não é perseguição, é o devido processo legal em andamento.”