Em uma tentativa de reformular sua abordagem nas negociações com os Estados Unidos, a China anunciou, nesta quarta-feira (16), uma mudança importante em sua equipe responsável pelas relações comerciais internacionais. Li Chenggang, que já atuou como ministro assistente do Comércio entre 2018 e 2021, foi nomeado para assumir o posto de principal negociador comercial do país, acumulando também a função de vice-ministro da pasta. Ele entra no lugar de Wang Shouwen, que exercia essa função desde 2022.
A troca acontece em um cenário de atritos constantes entre Pequim e Washington, especialmente em áreas sensíveis como tecnologia e comércio de bens estratégicos. Li é considerado um diplomata experiente, com histórico positivo em momentos críticos — como nas negociações de 2019, que ajudaram a conter novas tarifas americanas durante a gestão de Donald Trump.
Wang Shouwen, por sua vez, vinha enfrentando resistência após episódios de tensão em encontros recentes com autoridades dos EUA. Fontes próximas às discussões indicam que sua postura mais firme e menos flexível pode ter contribuído para sua saída, numa fase em que a China busca reduzir ruídos e apostar em uma abordagem mais pragmática.
Desafios à frente
A decisão de trocar o negociador-chefe reflete uma preocupação crescente por parte do governo chinês com possíveis novas restrições por parte dos Estados Unidos, principalmente em setores de alta tecnologia, como os semicondutores. Com a possibilidade de Trump retornar à presidência em 2025, Pequim parece estar se preparando para uma nova rodada de pressões comerciais.
Li Chenggang assume o cargo com a missão de reconstruir pontes e buscar consensos. Seu estilo mais moderado pode ajudar a conter uma escalada de sanções e facilitar a retomada do diálogo com Washington. Além disso, a China também enfrenta dificuldades internas, como o enfraquecimento da economia e a queda no desempenho das exportações, o que torna ainda mais relevante garantir estabilidade e acesso ao mercado norte-americano.
Com a mudança, o governo chinês sinaliza que está disposto a ajustar sua estratégia para enfrentar os desafios da conjuntura internacional, mas sem abrir mão de suas prioridades estratégicas. Agora, a atenção se volta para os próximos encontros bilaterais, onde o desempenho de Li será posto à prova.
Até o momento, a Casa Branca não comentou a substituição, mas especialistas avaliam que a movimentação pode ser vista como uma tentativa de reaproximação.
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