Por Bernado Kuster
Judas traiu Jesus ou Jesus traiu Judas? Eis a triste provocação lançada pela extrema-imprensa. Mas há algo pior que a traição de Judas: trair a própria Verdade com insinuações disfarçadas de “debate”. A matéria da Folha de S. Paulo tenta “reabilitar” um Judas à luz do apócrifo “Evangelho de Judas”, texto gnóstico condenado desde os primeiros séculos.
Que autoridade possui tal escrito diante dos quatro Evangelhos inspirados pelo Espírito Santo e reconhecidos pela Igreja desde os tempos apostólicos? Esses apócrifos foram escritor MUITO depois da era apostólica e estão cheios de vícios de falsificação: embelezamento retórico, fantasia, discursos típicos do III e IV séculos e NUNCA foram acolhidos.
A insinuação de que Cristo teria manipulado Judas é blasfema. Nosso Senhor é a própria Verdade (Jo 14,6), e jamais incitaria alguém ao pecado mortal. O Catecismo é claro: “Jesus não quis a traição de Judas” (CIC 1851).
A Escritura testemunha que Satanás entrou em Judas (Lc 22,3) e que ele, livremente, entregou o Senhor por trinta moedas de prata (Mt 26,15). A teologia católica ensina que Deus pode tirar um bem de um mal — mas nunca deseja o mal em si. Dizer que Jesus “precisava” de um traidor para salvar o mundo é desconhecer a liberdade de Deus e a seriedade do pecado.
Nosso Senhor amou Judas até o fim. Deu-lhe os mesmos dons, a mesma Eucaristia, o mesmo chamado à conversão. Judas recusou. São João Crisóstomo afirma: “Judas não perdeu a salvação por trair, mas por desesperar-se do perdão.” Sim, Cristo teria perdoado Judas, se este tivesse chorado como Pedro. Mas preferiu o orgulho que leva ao desespero.
A moda de transformar vilões em vítimas é uma doença moderna. A traição de Judas foi real, livre, grave. E negar isso é trair a fé dos simples. Como disse Santo Agostinho: “A verdade é como um leão: não precisa ser defendida, apenas solta, e ela se defenderá.”
Leia os Evangelhos, não manchetes. Estude o Magistério, não modismos.
Deus é misericórdia, sim. Mas não é cúmplice da mentira.
Para refletir: assista “Jesus de Nazaré” (Zeffirelli), leia “O Senhor” (Guardini) e reze o Salmo 51.
E, se encontrar Judas por aí… fuja dele. Ou mostre-lhe um confessionário.
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