O Partido Liberal (PL) apresentou à Câmara dos Deputados um pedido de urgência para votação do projeto que concede anistia aos acusados nos atos de 8 de janeiro. A proposta já conta com o apoio de 262 parlamentares, incluindo integrantes de legendas que compõem a base governista – o equivalente a 56% do total de assinaturas coletadas pela liderança do partido.
Dentre os signatários, destacam-se membros do União Brasil (40), Progressistas (35), Republicanos (28), PSD (23) e MDB (20), todos com representantes em pastas ministeriais do governo Lula. A adesão de partidos aliados ao Planalto motivou o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), a protocolar o requerimento nesta segunda-feira (14), antecipando-se a uma possível pressão do Executivo para a retirada de apoios.
"O governo está tentando convencer deputados a recuarem, mas agora o documento está formalizado e as assinaturas, públicas. Não seremos pegos de surpresa", declarou Cavalcante. Inicialmente, o PL buscava ampliar o número de apoios até a próxima semana, mas a estratégia foi alterada diante do risco de erosão política.
Bolsonaro defende anistia "ampla e irrestrita" enquanto se recupera de cirurgia
O avanço da articulação ocorre paralelamente à internação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um hospital de Brasília, onde passa por recuperação após cirurgia para desobstrução intestinal. Em um almoço recente com advogados, ele rejeitou propostas de moderação de penas e reforçou a demanda por perdão total aos envolvidos nos protestos.
"A modulação não nos interessa. Redução de penas, tampouco. Queremos anistia ampla, geral e irrestrita", afirmou Bolsonaro, citando o voto do ministro Luiz Fux, do STF, como um "ponto de inflexão" na discussão. Fux havia sinalizado a possibilidade de revisão das condenações durante o julgamento que tornou o ex-presidente réu por tentativa de golpe.
Aliados que visitaram Bolsonaro nesta segunda-feira garantiram que seu estado de saúde não impacta os planos da bancada. Eles esperam que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), coloque o projeto em pauta assim que o quórum mínimo (257 votos) for confirmado.